BARCELONA

Em abril, dois meses antes da morte de José Saramago, a Justiça espanhola cobrou do escritor 718 mil euros (R$ 1,6 milhão) em impostos.

A raiz do problema era a residência fiscal do autor português, que se havia exilado na ilha espanhola de Lanzarote em 1993. Ele se dizia perseguido em seu país após lançamento do livro “O Evangelho Segundo Jesus Cristo”.

Segundo a sentença, ele deveria pagar seus impostos na Espanha, e não em Portugal. No processo, o advogado de Saramago argumentou que sua ida para Lanzarote “não significou uma mudança definitiva para a ilha nem uma ruptura social, econômica e cultural com Lisboa, cidade em que vive desde 1924”. Disse ainda que o autor “rompeu com o governo português, mas não com Portugal”.

Os argumentos são rejeitados pelo fisco espanhol, que incluiu no processo até mesmo declarações dadas pelo escritor ao receber o Prêmio Nobel, em 1998 --ele fez alusões a sua casa em Lanzarote. O advogado de Saramago recorreu da decisão em nome de sua viúva e herdeira, Pilar del Río.